quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Você tem paixão pelo que faz??

Algum tempo atras já havia sido alertado por algumas pessoas que estão no ramo a mais tempo que eu, sobre a falta de paixão com que algumas pessoas da area de tecnologia encaram o seu dia a dia.
Eu e alguns amigos já tivemos varias discussões a respeito disso no ambito academico, pois parece que os jovens que ingressam na faculdade, que deveriam ser os mais animados com as novas possibilidades da tecnologia, estão justamente entre os mais desanimados.
Hoje por acaso, vasculhando a montanha de informações na internet, em meio a textos tecnicos, achei um texto muito interessante, na MSDN Magazine, de Scott Hanselman que trabalha na divisão de desenvolvedores da Microsoft.
Espero que o texto sirva para reflexão daqueles programados que fazem as coisas por fazer e acabam deixando milhoes de falhas em seus sistemas, não pelo prazo curto e sim pela falta de paixão ao que faz.
Segue o texto:


Uma recente discussão na blogsfera chamou minha atenção; O termo "Desenvolvedor 5:01" estava sendo usado de modo depreciativo para se referir ao desenvolvedor que basicamente “desliga” seu cérebro às 5:01 da tarde e vai para casa. Muitos desenvolvedores se ressentiram do termo e se defenderam declarando quantas horas eles trabalham por dia. Outros sugeriram termos como “desenvolvedores sem inspiração” e houve aqueles que rejeitaram qualquer tipo de rótulo.
Para mim, o rótulo “Desenvolvedor 5:01” não tem nada a ver com o tempo de trabalho ou com as horas em que se fica conectado. Refere-se à falta de paixão. Rótulos ou não, acredito que para realmente se destacar no ramo de software – ou em qualquer outro campo – é necessário um alto grau de paixão/inspiração/interesse/comprometimento/entusiasmo/excitação. Seu trabalho pode ser girar uma manivela ou desenvolver uma solução fantástica que revolucionará o mundo, mas se você quiser ter sucesso – seja comparando-se aos seus colegas ou não –, a paixão pode ter grande influência.
Não consigo trabalhar com madeira. De fato, não tenho essa habilidade manual. Se eu tentar usar um serrote, provavelmente vou me machucar. E o mais importante, eu não tenho paixão por trabalhos de carpintaria. Gosto de ver o trabalho de outras pessoas e posso até apreciar o esforço delas, mas se eu fosse forçado a sobreviver do trabalho de carpintaria, certamente estaria me aproximando do trabalhador 5:01. Essa falta de satisfação cria o antitrabalhador, aquele que só pregaria dois pedaços de madeira e esperaria que a cadeira não se quebrasse. E a habilidade é tão importante quanto a paixão para o trabalho. Há uma grande diferença semântica entre as palavras “trabalho” e “habilidade”. Pessoas habilidosas começam como aprendizes, aprendendo com um mestre e depois tornando-se um trabalhador experiente. É possível identificar de pronto quando um software é desenvolvido por uma pessoa habilidosa – uma pessoa com paixão, talento e um senso de gerenciamento. Um “gerente” de software assume responsabilidade pessoal pelas questões das outras pessoas; no caso do software, isso é a experiência do usuário, da instalação ao uso do programa.
Eu publiquei meus pensamentos sobre esse tópico em meu blog, e, como é comum nos blogs, as melhores colocações não estavam no meu texto, mas nos comentários dos outros. Max Pool apontou a questão imediatamente quando disse:
Algumas pessoas, quando indagadas sobre o que fazem na vida, dizem: “Eu SOU um desenvolvedor de software”, entrelaçando orgulhosamente sua personalidade com sua carreira. Essa simples resposta nos diz muito sobre a intensidade da paixão que uma pessoa leva consigo diariamente.
Paul Brazelton compartilhou suas opiniões por completo:
Sou um pai, um corredor, um remador, um ambientalista, um ser humano e, sim, um programador. Sou um aprendiz por toda a vida e adoro aprender sobre qualquer coisa, não só sobre linguagens de programação. Adoro tecnologia, mas há tantas outras coisas mais para se amar nesse mundo e temos tão pouco tempo...
Sem dúvida, a paixão, a habilidade e o senso de gerenciamento deveriam ser parte de uma ética de trabalho maior para qualquer engenheiro de software (ou verificador, ou gerente). Algumas vezes, as pessoas culpam o número de anos em seu emprego por sua falta de paixão, ou ainda o tipo de trabalho ou a qualidade das ferramentas. Claro, quando as ferramentas atrapalham, o trabalho sofre. Particularmente, no momento estou muito animado com softwares porque está se tornando cada vez mais fácil fazer o trabalho de modo mais produtivo e mais rápido.
Creio que o que mantém as coisas interessantes para mim no trabalho como desenvolvedor são as opções. Não só porque sempre há alguma coisa nova, mas porque sempre há técnicas melhores, novas idéias, até mesmo novas pessoas explorando tecnologias clássicas. Nos próximos meses, vou trabalhar intensamente no IronRuby e no fluxo das novas linguagens dinâmicas do CLR. Vou avaliar o Model-View-Controller (MVC) Web Frameworks em execução sobre ASP.NET e ferramentas de geração de código para criar sites administrativos completos quase que magicamente. Estou criando jogos para o meu Xbox® e plug-ins para o Media Center. Vou até mesmo fuçar meu velho programa Ceiva Digital Picture Frame, se eu me animar. Claro, vou fazer tudo isso nas horas vagas. Isso me torna um melhor desenvolvedor ou sou apenas um obsessivo? Provavelmente, um pouco dos dois.
Esse tipo de paixão (ou obsessão) pode ser ensinada? Deveria sê-lo? Não sei se sou um trabalhador habilidoso ou só um “geek”. Sei que me divirto e também me orgulho do meu trabalho, e ainda aprendo algo novo todos os dias. Se você não tem paixão por seu trabalho, por que o está fazendo? Não posso me imaginar indo para o trabalho todos os dias sem achar alguma coisa que me satisfaça nele. A questão básica é: você se interessa pelo seu trabalho? Talvez interesse não pelo seu emprego, mas pelo menos por seu trabalho. James Curran sentia-se assim:
Como programador 5:01, devo protestar – Sou apaixonado pelo meu TRABALHO, mas não pelo meu EMPREGO DIÁRIO. (Aproveito minha viagem de trem para casa trabalhando em um projeto de código-fonte aberto, em meu laptop.)
Enfim, tudo diz respeito a achar sua paixão – e a saber como mantê-la.

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João Bosco Seixas